sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Recebido no Facebook

Carta escrita por uma mãe de um aluno do Colégio Militar a um deputado do Bloco de Esquerda

Exmo Senhor Deputado,

Sou mãe de um aluno que frequenta o Colégio Militar há 4 anos, para onde foi depois de uma experiência de um ano numa escola pública em que era maltratado fisica e psicologicamente por colegas e ignorado por professores, tendo perdido o ano com cinco negativas e apoio psicológico. No ano seguinte, já no Colégio Militar, ficou no quadro de honra com média de 14,5 e, decorridos 4 anos, adora o Colégio e está "de rastos" com o que tem sido dito na comunicação social.

Assim, uma vez que ouvi as suas declarações na RTPN, não posso deixar de manifestar a minha opinião sobre as mesmas.

Compreendo as motivações profissionais do Dr. Garcia Pereira no assunto, mas confesso que tenho alguma dificuldade em perceber o empenho do BE em geral e de V. Exa. em particular na condenação de um Colégio, que pode ter regras que não são compatíveis com a V/ visão do ensino, pode ser criticado nalguns aspectos, mas que não merece a campanha persecutória e sistemática que lhe tem sido movida.

Não pretendo desculpabilizar actos que *só aos tribunais compete avaliar e, se for o caso, condenar*.

Parece-me, porém, que não cabe a V. Exa., nem a qualquer partido político, condenar uma instituição de ensino da forma exarcebada e degradante como o têm feito e, com isso, rebaixar todos os alunos que a frequentam e que ficam desestabilizados com todo o circo mediático que isso gera. Especialmente quando V. Exas não têm conhecimento - nem procuram conhecer - todos os lados da questão. Talvez devessem informar-se porque razão os pais de 400 alunos defendem o Colégio e porque é que a mãe de dois dos alunos queixosos, ao que soube, mantém os filhos no Colégio!

Como mãe e cidadã não aceito uma tomada de posição desta força e dimensão por parte de membros da Assembleia da República quando *não vi - nem vejo - o mesmo empenho, igual indignação e o pedido de urgente condenação (como hoje V. Exa tão veementemente manifestou) com os graves problemas com que o Estado de Direito se debate e a vergonha que foi e continua ser o processo de pedofilia da Casa Pia*. Talvez os meninos pobres e desprotegidos desta instituição, cujo processo não mereceu da PGR a consideração de "violência escolar" que justifica a celeridade do processo dos alunos do CM, não constituam para V. Exas. uma causa com que se identifiquem por não permitir o ataque a instituições da estrutura (militares ou outras).

Permita-me um conselho final: a próxima vez que V. Exa falar publicamente do Colégio Militar será importante investigar antes sobre se não estarão em causa eventuais interesses no fecho de um Colégio com 19 hectares no centro da capital, que, a existirem, V/ Exa e o partido que representa estarão inadvertimente a ajudar.

Com os melhores cumprimentos,

2 comentários:

Dylan disse...

Estalou o verniz no impoluto Colégio Militar devidos às alegadas práticas de violência física sobre os alunos mais novos daquela instituição. Enquanto uns pais retiraram de lá os seus filhos, outros manifestaram o seu apoio ao Colégio, quais virgens ofendidas. Não se lembram que a seguir podem ser os seus filhos, os alvos, mesmo entre miúdos oriundos de estratos sociais mais elevados. Talvez pensem que são intocáveis, a verdadeira elite da sociedade portuguesa à prova de escândalos. Espero que, à semelhança de outros estabelecimentos de ensino público, se castigue exemplarmente os agressores, de preferência, sem silêncios cúmplices, pois já se chegou à conclusão que para "ser homem" e bom cidadão não é necessário frequentar esses tipos de instituições nem ser exibicionista.

http://dylans.blogs.sapo.pt/

André A. Correia disse...

1. Os pais que têm filhos no CM e que se mostraram indignados com os ataques rasteiros que a instituição tem sido alvo fizeram-no espontaneamente, ao contrário dos acompanhantes da Ana Drago;
2. O Colégio Militar é uma escola e não uma loja maçónica, pelo que só não sabe a maneira como o CM funciona quem não quer;
3. Combater o despotismo faz parte do código de honra do Menino da Luz.